A história do homem que transforma pneus velhos em arte
Entre uma batida e outra do martelo, um grampo ali, outro acolá, uma amarra no arame, surge o “homem dos pneus”. De pele queimada pelo sol, mãos ágeis e calejadas, sem camisa e habilidoso, ele conta um pouco de sua história. Aquele homem conversador, muito conhecido em sua região, pouco fala de sua vida. Mas nada tem a esconder. Eis que surge um passado que poucos têm conhecimento. O passado de Rubem Machry.
O “homem dos pneus” vive na cidade de Canarana (Sudeste de Mato Grosso). Em meio a grampeadeiras, furadeiras, compressor, dezenas de tamanhos de pregos e arames, uma grande variedade de ferramentas: torques, alicate, martelo, faca, batedor, marreta, ele produz obras de arte. Como ele mesmo designa: “Artesanatos reciclados de pneus. Do lixo ao luxo.” São cadeiras, mesas, balanços, vasos, arranjos, floreiras e até camas 99% compostas por pneus retirados do lixo. E não são poucos: por mês, chega a reutilizar mais de 200 pneus.
Rubem é um típico brasileiro: trabalhador, honesto e que tem muito a ensinar. Para entender melhor sua história é preciso voltar até 1975, na zona rural de Erval Novo, distrito de Três Passos - RS, sua cidade natal. Naquela época, uma empresa construía uma represa para captação de água, obra que necessitava de muitos pneus, usados para conter as explosões feitas com dinamites. Quando a obra terminou, a mãe de Rubem, Irena Machry, feirante e agricultora, resolveu usar os pneus para confeccionar vasos ornamentais com ajuda de dois de seus cinco filhos. Um deles é Rubem Machry.
Em Canarana, Rubem trabalhou como agricultor junto com toda a família. Sempre almejando uma nova profissão. Na entre safra, decidiu fabricar vasos de pneus. Com o passar dos anos, inventou o que semanas depois descobriria ser a sua “galinha dos ovos de ouro”. Em março de 2002, em pouco mais de duas horas, Rubem produziu sua primeira cadeira de pneu. Antes mesmo de esta ser concluída, ele já recebia encomendas de vizinhos. Surgia a empresa, agora registrada, “Reciclap”.
Quando questionado sobre o sucesso de seu trabalho, Rubem fala com orgulho de suas conquistas. “Perguntavam se eu dava cursos. Foi então que descobri uma nova fonte de renda e uma oportunidade de divulgar a reciclagem”, conta.
Rubem vende hoje em sete cidades da região do Vale do Araguaia, além de aceitar encomendas feitas das mais variadas partes do País. Já ministrou cursos pelo SEBRAE e por prefeituras em cidades dos estados de Mato Grosso, Tocantins, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Dentre os principais benefícios de sua profissão, destaca-se a contribuição ecológica e o combate ao mosquito da dengue. Ele exalta algumas dificuldades e afirma que um dos principais fatores que prejudicam hoje um artista plástico é a burocracia.
Antes, uma vida singela e sofrida. Hoje, a mesma vida singela e sofrida, mas um sonho materializado. A superação como conquista. Ao homem que possui uma história como a de vários brasileiros e que hoje possui uma bem honrada profissão de reciclador, a natureza agradece.
Fotos e texto adaptado do blog de Lavousier Machry (http://lavousiermachry.blogspot.com/)
Um comentário:
muito bom o seu blog.... me interesso pelo assunto em pauta. Parabens pelo trabalho;
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